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O nome de Jesus era realmente “Jesus”?

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Daniel R. Esparza - publicado em 14/07/19

A profecia não afirma que ele seria chamado de "Emanuel"?

Os estudiosos sérios concordam que Jesus existiu historicamente, que ele era um judeu da Galileia que foi batizado por João Batista e começou seu próprio ministério logo depois. Eles também concordam quando afirmam que ele pregou oralmente, foi referido como “rabino”, e não deixou documentos escritos de sua autoria.

A maioria desses estudiosos também afirma que Jesus foi preso, julgado e executado pelas autoridades romanas. Em suma, a pesquisa científica arqueológica, histórica e bibliográfica afirma que havia uma figura histórica com o nome de Jesus que viveu cerca de 2.000 anos atrás.

Mas seu nome era realmente Jesus? Enquanto todos os Evangelhos, os primeiros textos cristãos e os historiadores da Antiguidade de fato se referem a ele como “Iesous” (uma transliteração grega do nome hebraico original “Joshua”), algumas aparentes discrepâncias nos próprios Evangelhos podem iluminar esta questão.

Evangelhos

Vamos dar uma olhada nos Evangelhos de Mateus e Lucas.

O Evangelho de Mateus começa com uma genealogia de Jesus que vai desde Abraão, passando por Davi até chegar em José, apresentando assim Jesus como membro da Casa de Davi. No entanto, Mateus também indica que José não é o pai natural de Jesus. Só se encontra uma ocasião no Evangelho de Mateus em que Jesus é referido como “o filho do carpinteiro” (cf. Mateus 13, 55). Por outro lado, seu Evangelho diz claramente que Maria estava prometida a José quando ele a encontrou “com o filho do Espírito Santo”. José estava prestes a romper o noivado quando um anjo apareceu para ele em sonhos, revelando a origem divina da criança. Lê-se em Mateus 1, 22-23):

José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7, 14), que significa: Deus conosco.

Mas por que o anjo está dizendo a José para chamar a criança de “Jesus”, se a profecia diz claramente que  eles o chamarão de Emanuel? Parece haver alguma confusão angelical aqui, já que o anjo também diz a Maria, no Evangelho de Lucas (cf. Lc 1, 30-31):

O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.

Emanuel

Os anjos teriam errado em algo?

Não necessariamente. Há uma diferença entre “como ele será chamado” (“Emmanuel”) e o “nome propriamente” (“Jesus”). Para resolver esse aparente quebra-cabeças, precisamos dar uma olhada mais de perto no nome Emanuel e na tradição bíblica.

A primeira vez que o nome “Emanuel” aparece na Bíblia está no livro de Isaías, nos capítulos 7 e 8. No entanto, o nome aqui não tem nenhum significado messiânico, à primeira vista. Ele simplesmente aparece listado entre outros nomes, como um sinal da proteção de Deus sobre a Casa de Davi durante um período de guerra.

Isaías respondeu: Ouvi, casa de Davi: Não vos basta fatigar a paciência dos homens? Pretendeis cansar também o meu Deus? Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco. Ele será nutrido com manteiga e mel até que saiba rejeitar o mal e escolher o bem.

Embora haja discussão sobre o que o profeta quis dizer, a tradição rabínica e alguns estudiosos consideram que ele estava apontando para o fato de que o nome “Deus conosco” era um gesto de agradecimento pela proteção de Deus durante tempos difíceis. No entanto, o Evangelho de Mateus entende esse texto de maneira diferente, como profetizando a vinda do Messias, a Encarnação de Deus, literalmente “Deus conosco”.

Jesus

Então, por que o nome Jesus?

O nome Yeshua (a forma original do nome hebraico, sendo ele mesmo uma derivação de Yehoshua) era relativamente popular na Judeia no tempo de Jesus. Encontramos nas obras de Flavius ​​Josephus, historiador do século I, pelo menos 20 pessoas diferentes chamadas de Iesous. Além disso, ele não é o primeiro personagem a se chamar Yeshua (Joshua) na Bíblia (recorde-se o livro de Josué no Antigo Testamento). O nome, etimologicamente, significa “Deus salva”, “Yahweh é salvação”, “Yah salva”. Este é realmente o nome que todos os Evangelhos usam para se referir a Jesus.

Isso significa que Jesus tinha dois nomes?

Bem, esse não é o caso. Um judeu nos dias de Jesus teria apenas um nome, às vezes seguido por “filho de” e pelo nome do pai (é assim que Filipe se refere a Jesus, “Jesus filho de José de Nazaré” no Evangelho de João) ou pela cidade natal da pessoa (como em Marcos 10, 47, “Jesus de Nazaré”).

A resposta é que “Emanuel” é mais um título do que um nome, exatamente como “Cristo”.

O texto de Isaías também explica que o Messias será chamado “Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz” (Isaías 9, 5). Jeremias diz explicitamente que “o rei que reinará sabiamente” será chamado de “o Senhor é a nossa justiça”. Naturalmente, nenhum desses nomes são em si nomes verdadeiros. Estes são atributos que descrevem quem é o Messias. Em hebraico, “ser chamado” e “ser” geralmente significa a mesma coisa, então “ser chamado Emanuel” significa, no fim, que “ele será o Deus vivendo com e entre nós”. Por natureza, ele é o Emanuel. Por nome, ele é Jesus, “o nome acima de todos os nomes” (cf. Filipenses 28, 11).

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