Em 2002, São João Paulo II escreveu sua mensagem anual para o Dia Mundial da Paz. A guerra no Afeganistão estava apenas começando.
Ele ficou triste com a tragédia de 11 de setembro, mas também preocupado com a resposta global às organizações terroristas.
Por um lado, São João Paulo II reconheceu o direito de defender o país do terrorismo:
“Existe, portanto, um direito a defender-se do terrorismo. É um direito que deve, como qualquer outro, obedecer a regras morais e jurídicas na escolha, quer dos objetivos, quer dos meios. A identificação dos culpados deve ser devidamente provada, porque a responsabilidade penal é sempre pessoal, não podendo por isso ser estendida às nações, às etnias, às religiões a que pertencem os terroristas.”
Eliminar as causas do terrorismo
No entanto, João Paulo II também acreditava que a defesa militar não era a única opção. Ele defendeu a eliminação das causas profundas das organizações terroristas:
“A colaboração internacional na luta contra a atividade terrorista exige também um empenho particular do ponto de vista político, diplomático e econômico para resolver, com coragem e determinação, eventuais situações de opressão e marginalização que estejam na origem dos objetivos terroristas. O recrutamento dos terroristas, de fato, é mais fácil em contextos sociais onde os direitos são espezinhados e as injustiças longamente toleradas.”
Terrorismo não pode ser endossado por religiões
Para João Paulo II, as organizações terroristas originam-se em situações de opressão e pobreza. Se não se erradicarem as condições subjacentes ao terrorismo, ele só voltará com mais força. Além disso, o pontífice acreditava que o terrorismo não deveria ser endossado por nenhuma religião ou líder moral:
“As confissões cristãs e as grandes religiões da humanidade devem colaborar entre si para eliminar as causas sociais e culturais do terrorismo, ensinando a grandeza e a dignidade da pessoa e incentivando uma maior consciência da unidade do género humano. Trata-se de um campo concreto do diálogo e da colaboração ecuménica e inter-religiosa, colocando as religiões ao serviço da paz entre os povos. De modo particular, estou convencido de que os líderes religiosos judeus, cristãos e muçulmanos devem tomar a iniciativa da pública condenação do terrorismo, recusando toda a forma de legitimação religiosa ou moral a quem dele participa. “
O caminho para a paz
Acima de tudo, o caminho para a paz só pode acontecer por meio do perdão:
“A falta de perdão, especialmente quando alimenta o prolongamento de conflitos, supõe custos enormes para o desenvolvimento dos povos. Os recursos são destinados para manter a corrida aos armamentos, as despesas de guerra, as consequências das represálias económicas. Acabam assim por faltar os recursos financeiros necessários para gerar desenvolvimento, paz e justiça. Quantos sofrimentos padece a humanidade por não saber reconciliar-se, e quantos atrasos por não saber perdoar! A paz é a condição do desenvolvimento, mas uma verdadeira paz torna-se possível somente com o perdão.”