Tratamento inovador com sangue de cordão umbilical leva ao terceiro caso na história de reversão do quadro de HIV
Muito se discute o que prevalece entre ciência e religião, mas poucos atentam como a ciência pode ser um instrumento da fé. Aparentemente existem poucos lugares onde o conhecimento científico ainda não chegou e, de tempos em tempos, opera verdadeiros milagres, ainda que pela mão do homem e com base no conhecimento técnico.
A última inovação, que parece ter sido performada por anjos em jalecos de cientistas, tem a ver com a cura de um mal que já afligia a humanidade 40 anos antes do Coronavírus, o vírus HIV. Nesta terça-feira (15), durante a Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, em Denver, nos Estados Unidos, foi apresentado um estudo que resultou no caso da primeira mulher e terceira pessoa na história a ser curada da Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).
Até então já tinham ocorrido dois casos de remissão do vírus por um longo período, ambos homens, a partir de tratamento com transplante de células-tronco. Agora, uma norte-americana de 64 anos que vivia Aids e leucemia aguda está livre do vírus há dois meses, mesma época em que interrompeu seus tratamentos com anti-virais. O caso faz parte de um grande estudo, coordenado pelas universidades da Califórnia (UCLA) Johns Hopkins, que acompanha 25 vítimas do HIV no tratamento de outras doenças graves como câncer.
O estudo é inovador pois pela primeira vez as células-tronco são retiradas do sangue do cordão umbilical das doadoras, o que representa mais um passo no sentido de viabilizar o tratamento com células-tronco para as mais de 40 milhões de pessoas no mundo que convivem com o vírus da Aids. Justamente pelo cordão umbilical, certamente uma das maiores e mais sagradas dádivas do ser humano, que permite a uma mãe alimentar o filho.
Também nesta quarta foi divulgada pela grande imprensa outro grande avanço da medicina. Foi publicado no Journal of Medicinal Chemistry um estudo que identifica uma molécula possivelmente capaz de inibir a proteína MPS1, que desencadeia tumores sólidos. O que pode significar um caminho promissor no tratamento do câncer.
Enquanto dispomos de vacinas para a Covid-19 eficazes e desenvolvidas em tempo recorde, a comunidade científica anuncia no mesmo dia duas possíveis curas para a Aids e para o câncer. Como diz o ditado popular: “enquanto reza, faça”. Por isso, fé na ciência, pois nunca sabemos por que meio os milagres operam. E enquanto estamos em busca de soluções, os cientistas estão fazendo.