Aleteia logoAleteia logoAleteia
Quinta-feira 28 Março |
Aleteia logo
Atualidade
separateurCreated with Sketch.

Pai procura corpo do filho há 3 dias em Petrópolis: “quero enterro digno”

PETRÓPOLIS

CARL DE SOUZA / AFP

Há pouco mais de um mês, outro temporal provou um rastro de destruição e mortes em Petrópolis

Francisco Vêneto - publicado em 18/02/22

"É o amor da minha vida", afirma o pai, que resume de onde está tirando forças: "Só Deus"

Paulo Roberto de Oliveira tem 40 anos de idade e procura o corpo do filho há 3 dias em Petrópolis: “Quero dar um enterro digno”, afirmou ele a repórteres da BBC Brasil nesta quinta-feira, 17 de fevereiro, acrescentando: “Só saio daqui quando encontrá-lo”.

O filho de Paulo Roberto, que tinha 18 anos, estava na casa da avó, também desaparecida sob os destroços.

A casa se localizava na parte inferior do morro que colapsou em decorrência das chuvas mais intensas que já atingiram a região desde que começaram as medições pluviométrica locais, em 1932. Para se ter uma ideia, o recorde histórico de chuva na região era de 168,2 milímetros, registrado em 20 de agosto de 1952. Nesta terça-feira, 15 de fevereiro, choveu em Petrópolis um extraordinário volume de 259,8 milímetros em 24 horas, rompendo por margem descomunal quaisquer recordes anteriores, conforme dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

No meio dos escombros e da lama provocados pelo deslizamento do Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra, enquanto procura o corpo do filho para lhe dar um digno sepultamento, Paulo Roberto chora não só as perdas dramáticas na própria família, mas também nas de amigos, conhecidos e mesmo desconhecidos. Ele contou que chegou a encontrar, na lama, horrorizado, uma perna humana que havia descido morro abaixo entre destroços de móveis e eletrodomésticos que já pertenceram a outras famílias destruídas pelo mesmo sofrimento.

Uma segunda tragédia – anunciada

Não é a primeira tragédia que Paulo Roberto vive na cidade onde nasceu e cresceu.

Em janeiro de 2011, outra catástrofe provocada por fortes chuvas arrasou diversas cidades da mesma região serrana do Rio de Janeiro, constituindo o maior desastre natural de toda a história do Brasil em termos de perdas humanas: foram 918 mortes confirmadas e 99 pessoas desaparecidas que nunca mais foram encontradas, o que leva a um total estarrecedor de mais de mil vidas perdidas.

Na ocasião, Paulo Roberto e a família perderam a casa e foram levados para centros de acolhimento – “Só não perdemos a vida”, resume ele.

O poder público interditou na época 110 casas do seu bairro, mas, com o passar do tempo, diante da inércia do mesmo poder público, a ocupação irregular voltou a se instalar nas mesmas áreas de risco. “A prefeitura está esperando morrer mais gente para fazer alguma coisa”, denuncia Paulo Roberto em suas declarações à BBC.

Os repórteres, aliás, lhe perguntaram de onde está tirando forças neste momento de dor imensurável. A resposta é direta: “Só Deus”.

O pai que procura o corpo do filho de 18 anos entre os destroços de mais uma tragédia anunciada finaliza:

“Minha esperança é encontrar meu filho para dar um enterro digno a ele. É o amor da minha vida”.

Desde as primeiras horas da tragédia, a Igreja Católica está mobilizada para prestar socorro às pessoas atingidas. Veja como ajudar:

Tags:
FamíliaFilhospaisTragédia
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia