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A rebeldia adolescente é a norma, ou seria uma invenção moderna?

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AnneMS | Shutterstock

Michael Rennier - publicado em 18/05/22

Segundo um especialista, a suposta revolta adolescente na verdade não seria a norma. Entenda o porquê

As minhas duas filhas mais velhas são atualmente adolescentes. Este fato, uma vez revelado, suscita simpatia e reconhecimento de outros pais e mães. Eles dizem à minha mulher e a mim como somos corajosos, elogiam a nossa resistência sobre-humana, asseguram-nos que só precisamos de aguentar firme e tudo ficará bem. Há um sentido de solidariedade, como se estivéssemos na mesma unidade militar a ajustar nossas botas antes de descermos para a guerra de trincheiras.

Mas a questão é a seguinte: as nossas adolescentes são encantadoras.

Elas são divertidas, curiosas e infinitamente criativas. Fazem coisas estranhas como cozer pão no meio da noite e pintar murais maciços nas paredes dos quartos. Fazem-nos rir, inspiram-nos, e arrastam-nos para novas aventuras. Injetam energia juvenil nos nossos ossos de meia-idade. A vida é melhor com elas por perto.

Rebeldia?

Os adolescentes são famosos pela sua rebeldia. Os cineastas, por exemplo, trabalham sob a crença de que os adolescentes têm uma propensão para formar gangues de motociclistas de clones do Marlon Brando. Eles correm em revolta pelas nossas ruas, zombando dos mais velhos.

A questão é que, pelo menos nos Estados Unidos, espera-se que os adolescentes se revoltem e rejeitem tudo o que os seus pais consideram importante. Tingem o cabelo, vestem-se com roupas estranhas, ouvem música agressiva e zombam da religião e da moral da geração anterior. Os pais são reduzidos a rezar para que eventualmente os filhos caiam em si e regressem à normalidade. Entretanto, a rebelião é esperada e tolerada. Por vezes até é encorajada como sendo saudável.

Tem de ser assim?

Não. Não tem de ser desta forma. Não me estou a gabar apenas dos meus próprios filhos adolescentes e pré-adolescentes que, como já mencionei, são excelentes. Reparei que os seus amigos e amigas adolescentes também são seres humanos perfeitamente bons e normais. Eles são pessoas bem ajustadas, educadas, ambiciosas e atenciosas. Na nossa igreja, os adolescentes são tão sérios na sua fé que eu brinco sobre como devemos seguir seu exemplo.

Claro, os adolescentes estão numa idade em que estão a tentar descobrir a vida, mas não é óbvio para mim que isso significa que passam automaticamente por uma fase de rebeldia. Então, o que é que se passa?

Por que as nossas expectativas são tão distorcidas?

O Dr. Robert Epstein, escrevendo ao Scientific American Mind, desmistifica o mito de que os adolescentes se tornam naturalmente selvagens como resultado de matéria cerebral em construção e de uma maturidade emocional em formação. Em vez disso, diz ele, influências externas são o que os leva a reagir. Não é genético; é relacionado ao ambiente.

Por outras palavras, os adultos estão a criar adolescentes em ambientes estressantes que os levam a um mau funcionamento social. A culpa é nossa e não devemos censurá-los por isso. As questões podem surgir do seu atual modelo de educação e das tensões que o acompanham, do excesso de horários, da dinâmica familiar quebrada, ou do papel reduzido da fé religiosa. Quem sabe? Mas não é simplesmente porque os adolescentes são naturalmente rebeldes.

Fenômeno incomum

Como prova, Epstein salienta que, em todo o mundo, a rebelião dos adolescentes não é um fenómeno comum. Na verdade, é considerada incomum. Historicamente, também, os adolescentes e jovens eram mais maduros. Casavam-se mais cedo, assumiam responsabilidades laborais, e até davam grandes contribuições para a sociedade.

Epstein refere um estudo feito nos anos 80 em Harvard que “sugere que os problemas dos adolescentes começam a aparecer noutras culturas logo após a introdução de certas influências ocidentais, especialmente a escolarização ao estilo ocidental, programas de televisão e filmes”.

Por exemplo, o estudo aponta, “A delinquência não era um problema entre o povo inuíte da ilha de Victoria, Canadá… até que a televisão chegou em 1980. Em 1988, os inuítes tinham criado a sua primeira divisão permanente de polícia para tentar lidar com o novo problema”.

Qualquer que seja a causa, é evidente que os adolescentes não são inerentemente rebeldes.

Pistas

Perguntei à minha amiga Jennifer que, juntamente com o seu marido Brian, parece ter criado dois adolescentes perfeitamente normais e bem ajustados, se ela tem alguma ideia. Ela diz: “Mesmo testando alguns limites, eles foram uma alegria durante o que alguns veem como uma fase turbulenta”. Eles não eram perfeitos, admite ela, mas quem o é? Ela prossegue: “Eles sabem que os amamos e que queremos o melhor para eles. Eu credito a oração em nossa casa, Missa semanal, firmeza, perdão e apoio do meu cônjuge, dando à nossa família a graça de que necessita para evitar a rebeldia”.

Jennifer estava também extremamente atenta ao tipo de escola que os seus filhos frequentavam. É natural que os adolescentes explorem as fronteiras, mas não há razão para que, como grupo, mergulhem na rebeldia.

Minha batalha

Embora minha “batalha” como pai de adolescentes ainda não tenha terminado, até agora descobri que eles merecem respeito, ser tratados como pessoas individuais, únicas e não como uma demografia assustadora. Protejo-os da infantilização da cultura pop, ouço as suas preocupações, respondo às suas opiniões mais ou menos com base na igualdade, e forneço orientação parental apropriada quando necessário.

Também lhes mostro a minha própria humanidade para que compreendam o que me motiva, o que me incomoda, o que me desafia. Queremos que eles invistam plenamente no processo de se tornarem adultos, não fugindo dele.

Suponho que o que mais me desafia pessoalmente é que os adolescentes não aceitem compromissos. Eles querem viver ao máximo. Eles procuram o melhor. Em vez de esmagar esse idealismo, tento canalizá-lo e alimentá-lo, encorajar os seus sonhos e ajudá-los a desenvolver as suas inclinações. No processo, tenho de me olhar com atenção, os meus próprios sonhos e paixões. Muitas vezes olho para o espelho e encolho os ombros – talvez os adultos devam ser mais como os adolescentes.

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