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Ela queria que o próprio irmão fosse abortado; mais tarde, virou freira

Freira ao ar livre

ANTOINE MEKARY | ALETEIA

Silvia Lucchetti - publicado em 23/01/23

Chiara era agressivamente anticatólica, rebelde contra a Igreja e defensora do aborto do próprio irmão - mas uma doença inesperada mudou radicalmente a sua vida

Segunda de quatro filhos, Chiara nasceu numa família católica italiana, mas logo se afastou da paróquia e viveu uma longa e profunda rebelião que a fazia questionar todos os valores recebidos de seus pais.

“Achava que ser livre era ser contra a Igreja”

Hoje religiosa na congregação das Irmãzinhas do Imaculado Coração, a irmã Chiara gravou um testemunho que tem repercutido no YouTube:

“Sempre tive no coração o desejo de liberdade. Para mim, a liberdade era até mais importante que a felicidade. Eu achava que, para ser livre, precisava destruir os limites. Isso provocou uma grande rebelião dentro de mim”.

Esse grande desejo de liberdade colidia, pensava ela, com os ensinamentos da Igreja, pois Chiara achava que “os Dez Mandamentos eram dez imposições” e, portanto, “ser livre era ser contra essa instituição”.

Insistência para que a mãe abortasse

Quando Chiara estava entrando na adolescência, sua mãe descobriu que esperava o quarto filho. A gravidez imprevista irritou a segunda filha, que não queria mais um irmão e achava que a mãe devia, indiscutivelmente, abortar.

“Quando a minha mãe engravidou, eu fiquei muito nervosa, porque um quarto filho ia ser um peso. Eu queria que ela abortasse. Eu era a favor do aborto e dizia que defendia os direitos das mulheres”.

Como a mãe nem deu ouvidos a essa “sugestão”, a raiva da jovem aumentou. Até que… o irmãozinho nasceu.

“Quando o bebê nasceu, eu fiquei apaixonada por ele (…) a tal ponto que, um pouco para calar o remorso que eu carregava comigo por ter querido matá-lo, comecei a mimá-lo muito e ele se tornou o centro da minha vida”.

Luta contra a Igreja

A drástica mudança no tocante ao irmão, porém, não mudou a sua rebeldia contra a Igreja e os católicos. Chiara estava decidida a desmascarar quaisquer pecados dos sacerdotes para usá-los como argumentos contra os fiéis. Mesmo sendo adolescente, relata ela, “eu queria sempre colocar os católicos entre a cruz e a espada”.

Apesar disso, continuou indo à missa com a família todos os domingos, porque seus pais não deixavam os filhos faltarem à Eucaristia.

O irmãozinho à beira da morte

Quando Chiara terminou o ensino médio, seu irmãozinho caçula ficou gravemente enfermo: foi diagnosticado com uma doença estomacal agressiva que não reagia ao tratamento médico e o deixava em sério risco de morte.

Essa provação mergulhou a jovem no desespero. Chiara tinha medo de perder o irmão e se sentia culpada por ter querido que ele nem nascesse:

“Foi o pior momento da minha vida. Eu não estava só preocupada e envergonhada; eu me sentia responsável. Eu achava que era o castigo que Deus me mandava. Eu tinha querido matar o meu irmãozinho, e agora eu pensava que Deus ia levá-lo mesmo, para me dizer: ‘Viu? Você não queria acabar com ele?'”.

“Toma lá, dá cá”

Desesperada, Chiara começou a sentir o impulso de orar pelo irmão. Mas o que ela podia dizer a Deus? Ela detestava aquela “chatice do rosário”, então tentou “comprar Deus”:

“Era mais ou menos o seguinte: você faz alguma coisa por mim e eu faço alguma coisa por você. Então eu disse a Deus: seja você quem for, onde quer que você esteja, eu peço que você salve a vida do meu irmão. Eu faço fazer qualquer coisa em troca”.

A jovem rebelde começou então a fazer uma das coisas que mais odiava: sair com outros jovens católicos. “Se eles ajudarem poderosamente na vida do meu irmão, eu vou pagar indo ao Gifra”, pensou ela, referindo-se ao grupo de jovens dos franciscanos, ao qual sua irmã já pertencia.

“Eu tive que pagar a minha dívida”

Deus não tardou a responder e o caçula ficou repentinamente curado.

A jovem resolveu fazer o que chamava de “pagar a dívida”: passou a frequentar aquele grupo de jovens, que até então ela imaginava que fosse formado por gente deprimida, frustrada e chata.

Nas primeiras vezes, de fato, Chiara permaneceu fria e distante, mas, aos poucos, a simplicidade e a sinceridade daqueles jovens, que não tinham medo de mostrar e compartilhar as suas vulnerabilidades, medos, defeitos e fraquezas, foram quebrando os seus esquemas mentais intolerantes.

Missão na Albânia e o olhar de Deus

Ela continuou a frequentar o grupo e, embora já tivesse namorado, resolveu viajar com os jovens em missão para a Albânia.

Lá, numa região de miséria, experimentou o que viria a descrever como “uma paz e satisfação extraordinária”, uma felicidade que parecia não fazer sentido diante da pobreza das pessoas e do esgotamento que ela própria sentia. Durante a missão, ficou encarregada da limpeza e da ornamentação da capela e participava da adoração eucarística.

E foi ali, face a face com o Senhor, que ela se sentiu, pela primeira vez, “olhada e amada por Ele”.

A vocação

De volta à Itália, a missa diária passou a fazer parte da rotina de Chiara. Sua relação com o namorado se complicou e, pela primeira vez, a ideia de se tornar religiosa surgiu em sua mente.

Apesar dos medos, resistências e muitas dúvidas, o chamado foi ficando cada vez mais forte. Ao dizer “sim” a Deus, a irmã Chiara descobriu “um amor que não tem fim” e percebeu que a realização se alcança quando se segue a inspiração de Deus, dando-lhe glória.

Como diz o Salmo 139:

“Eu te dou graças porque me criaste por prodígio, porque são admiráveis as tuas obras:
tu me conheces profundamente”.

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